segunda-feira, julho 6

GRANDE FARUK

Tem um filme muito interessante, da diretora dinamarquesa Susanne Bier que chama "Coisas que Perdemos Pelo Caminho", e que trata da dor causada pelas inevitáveis perdas durante a nossa existência.

Perdemos e, claro, ganhamos também. Quase nunca na mesma medida.

No último sábado, eu perdi um dos meus cachorros, um labrador preto que atendia pelo nome de Faruk e pela alcunha de "Negão".

Foi de repente, já que, aparentemente, ele parecia bem. Alegre, feliz e despirocado como sempre. Mas uma insuficiência renal já estava em curso há algum tempo.

Faruk foi uma espécie de intruso porque eu comprei um labrador cor de chocolate, o Boris. Mas, minha filha Juliana se apaixonou pelo "Negão" e terminou por me convencer a trazê-lo também.

Eles eram filhos da mesma ninhada. Um chocolate e um preto. Um lorde e um plebeu.

Boris é um animal sério e compenetrado, atento às expectativas dos seus donos e sempre aprendeu as coisas com uma rapidez incrível.

Já Farukão era um hedonista completo. Não media conseqüências para satisfazer as suas vontades.

Ele era, como diziam os antigos, "uma casa cheia". A todos festejava e logo se tornava primo carnal. Se algum operário estivesse trabalhando aqui em casa, ele prestava a maior assessoria não desgrudando do cara.

Se eu saísse cinqüenta vezes ao jardim, cinqüenta vezes ele cumpria o mesmo ritual: buscava correndo alguma coisa (nem que fosse uma folha seca) para trazer pra mim e ficava me rodeando e se requebrando todo. Eu o chamava de "Zé Bobão" e dizia que o endereço dele na internet era cachorrochato.com.br.

Nada conseguia tirar a sua alegria de viver. O "Negão" não tinha um pingo de vergonha na cara.

Atrapalhado, atabalhoado, intenso, feliz, bobo, chato, amoroso e amigão, assim era o meu cachorro "intruso" que, por essas características mesmas, conquistava a todos que o conheciam.

Estamos todos com muitas saudades e a casa está muito vazia sem ele.
Consola-nos a certeza de que, enquanto viveu, meu cachorro chato foi muito feliz.

 

6 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Ái, Ari... eu fico arrasada com a partida de cada um de nossos amigos rabudos maravilhosos. Negão foi lá pro céu dos cachorros encontrar com minha Tica (Tieta) e tantos mais. Meu choro solidário.
Beijos de Maria

segunda-feira, 06 julho, 2009  
Blogger Ari disse...

Foi sim, Méuri. E o céu dos cachorros está mais alegre e animado, com certeza, com a alegria contagiante dele.

terça-feira, 07 julho, 2009  
Blogger tássia disse...

Querido Faruk.
Tive o prazer de presenciar algumas travessuras do bobalhão.
Lembro dele se enfiando debaixo da mesa de plástico, quando tinha visita na piscina, mesmo sabendo que não cabia ali. Prestes a derrubar tudo. Copo, prato, bolsa. rs.

Me lembra Bóris, o negão aqui de casa.

terça-feira, 07 julho, 2009  
Blogger Unknown disse...

Ary, eu tenho o livro sobre o câncer. Minha sobrinha Ju gostou muito e eu parei pelo meio por conta dessa coisa de alimentação, fico logo invocada porque gosto de saratpatel até de barraca de carnaval. De maneira alguma combina com o livro - lembra do pai do autor? foi famosésimo com um livro sobre economia.
Valeu. Beijos Méuris

sábado, 18 julho, 2009  
Blogger Nanda Linda disse...

Olá, será que terei esses mesmos sintomas de saudades qdo meu cachorrinho se for? Mas, segundo minha filhota, saudade é amor de alguem que partiu e nos deu pra guardar. Não é uma filosofia de primeirissinma grandeza?

tchau

terça-feira, 04 agosto, 2009  
Blogger Ari disse...

Com certeza, Nanda.

terça-feira, 04 agosto, 2009  

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