segunda-feira, outubro 4

SOU MAIS OS “TIRIRICAS”


No fantástico mundo do circo, os números que mais me seduzem são os dos trapezistas, malabaristas, contorcionistas, ilusionistas e, claro o dos palhaços.

Ícone da alegria incondicional e ingênua, os palhaços proporcionam a possibilidade do riso sem compromisso, da gargalhada infantil, do divertimento lúdico e sem reservas.

A fragorosa votação do palhaço Tiririca (mais de 1,3 milhão de votos) vem provocando uma comoção nacional revestida de revolta e indignação.

Até entenderia essa reação, caso estivéssemos num país sério onde houvesse respeito à cidadania e às instituições, e no qual a categoria dos políticos não se equiparasse à dos marginais (claro, com raras e honrosas exceções).

Ora, o que dizer então dos fichas sujas que foram eleitos? Do Garotinho com a maior votação já alcançada por um candidato a deputado federal no Rio de Janeiro? Será o palhaço pior do que eles?

E as bancadas familiares? Renanzão e Renanzinho, Valadareszão e Valadareszinho, Agripinão Maia e Felipinho Maia, Tião Viana e Jorjão Viana, Roseana Sarney, Sarney pai e Sarney filho, Edson Lobão e sua Mulher, Nice Lobona.

Aqui na Bahia, um dos deputados estaduais mais votados foi o Mario Negromontezinho, filho, é claro de Mario Negromonte. Alguém conhece o mancebo? Seu currículo? Sua experiência na política?

E o mais interessante é que essas bancadas familiares tendem a crescer mais ainda a depender do julgamento do STF. Quer dizer, se liberarem os fichas sujas, os "herdeiros metralha" aumentarão de número.

Qual o voto mais indigno, então?... Aquele que contempla a irreverência marqueteira – ou não - do palhaço, ou aquele que reforça o nepotismo inconseqüente e/ou a corrupção, a locupletação e a bandalheira?

Não que o palhaço não possa vir a se revelar um grande safado (afinal, o interesse pela política já o coloca sob suspeita). Porém, até prova em contrário, existe a esperança de que, bem assessorado, possa desenvolver um trabalho decente. Afinal, "tudo é possível e também o seu contrário".

Quanto aos outros, nós estamos cansados de saber o que pretendem na vida pública.

A esses, em contraposição aos palhaços, chamo-os de ilusionistas especialistas em truques baratos para ludibriar a nós, eleitores brasileiros, malabaristas e contorcionistas nesse circo de horrores.

É por essas e outras que eu sou muito mais os "tiriricas"!


Ari Coelho