O que o linfoma de Dilma tem que os outros, não tem?
Diogo Mainardi
Fonte: Revista Veja - *O texto original tem o título "MAIS E MENOS INTEIROS"
MabThera. É a marca do remédio usado no tratamento de linfomas iguais ao da ministra Dilma Rousseff - os linfomas de células B. Associado à quimioterapia, ele aumenta a possibilidade de cura dos pacientes em cerca de 20%. Dilma Rousseff fez bem em procurar um hospital particular.
Seus hematologistas e seus oncologistas podem receitar-lhe o MabThera, como acontece nos Estados Unidos e na Europa. Os mais de 10 000 pacientes com linfomas que todos os anos recorrem aos hospitais públicos brasileiros, por outro lado, não podem contar com o remédio. Porque ele é caro demais para o SUS: um frasco custa 8.000 reais. O que aumenta mesmo, nesses casos, é só a possibilidade de morrer.
No sábado 25, ao lado de seus médicos, Dilma Rousseff falou abertamente sobre seu estado de saúde. Depois de informar que retirara um linfoma e que passaria por um tratamento de quimioterapia, ela declarou o seguinte, com aquela sua gramática um tanto peculiar:
"Nós, brasi leiros, temos o hábito de sermos capazes de enfrentar obstáculos e sairmos inteiros do lado de lá".
Alguns brasileiros enfrentam obstáculos menores do que os outros. E alguns brasileiros possuem mais chance de sair inteiros do lado de lá.
Os médicos de Dilma Rousseff sabem disso: um brasileiro com linfoma que toma MabThera tem mais chance de sair inteiro do lado de lá do que um brasileiro com linfoma que é atendido pelo SUS e não toma MabThera. Há brasileiros mais inteiros e brasileiros menos inteiros.
Em seu primeiro comentário público sobre o assunto, Lula garantiu que Dilma Rousseff "não tem mais nada". De certa maneira, ele está certo. Os dados do Ministério da Saúde sobre a incidência de câncer no país nem relacionam o linfoma. Para o governo, trata-se de uma categoria indiscriminada. É como se, oficialmente, o linfoma nem existisse. Para fazer qualquer planejamento, as autoridades sanitárias brasileiras se baseiam nos dados dos Es tados Unidos.
Há muitos anos, os médicos da rede pública tentam inutilmente incluir o rituximabe - o nome genérico do MabThera - no tratamento dos linfomas. Mas o medicamento só costuma ser obtido na marra, por meios legais, quando um doente processa o Ministério da Saúde.
O maior obstáculo que os brasileiros enfrentam, para citar Dilma Rousseff, é o governo.
Lula e o PT imediatamente levaram o linfoma de Dilma Rousseff ao palanque, usando o apelo emocional para tentar impulsionar sua candidatura a presidente.
Em vez disso, teria sido mais decoroso levar o linfoma aos hospitais públicos, estendendo aos pacientes mais pobres o acesso ao MabThera. Quem sabe alguns deles conseguissem sair inteiros do lado de lá.
http://mail.uol.com.br/#selectedfolder=INBOX&uid=MzIyMTg
3 Comentários:
preciso me informar sobre o RITUXIMABE se é como este Diogo Mainardi fala. Não costumo acreditar de primeira nos chutes dele. A quimioterapia que ora faço é pelo sus.
eu de novo:
mexi em mil troços mas seu blog continua sem aparecer atualizado em minha lista...
beijo maria
Meu primeiro tratamento também foi pelo SUS. Agora, é pelo Plano de Saúde.
Maria querida, eu não entendo nada de blogs. Quem faz gentilmente essa parte é Denis Rivera.
Bjo!
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