AI, QUE MEDA!
Andava, por aqueles dias, sentindo-se esquisito, diferente. Uma sensação constante de frio na boca do estômago, acompanhada, quando em vez, de calafrios na espinha.
Isso é medo.
Nunca fora chegado a medos. Talvez, por ser uma pessoa sempre muito otimista, os medos não sentavam praça na sua vida.
Mas, era isso, medo. Estava com medo... me é me dê ó dó.
Perguntou-se, medo?... de quê?...
Num primeiro momento, concluiu estar com medo da morte. Afinal, sofria de uma doença crônica e um segundo fracasso na tentativa de um tratamento o deixara balançado, pra não dizer fudido.
Mas, de fato, não conseguia identificar aquele medo como medo da morte.
Não era isso.
Tratava-se de um medo indefinido, não delineado. Um medo camuflado, medroso, sem coragem de mostrar a cara. Um medo cagão.
De repente, hoje, deu-se-lhe um estalo à moda do Vieira: medo da morte que nada!... Isso aí ó, é medo é da vida.
Putz! Medo da vida é pior que medo da morte, pensou, considerando que o medo da morte pode até ser empurrado com a barriga, com o argumento de deixar o cagaço pra quando chegar a hora.
Mas a vida, a vida, não. A vida é agora e aqui mesmo.
Pensou em ir dormir, fechar os olhos, dar uma de avestruz. E foi exatamente nessa hora que entrou a voz de Chico Buarque dizendo que é inútil dormir que a dor não passa.
Parece que vai passar a noite acordado.
8 Comentários:
Ary, conheci ontem o seu blog (pelo de Katia). Gostei tanto, logo coloquei chamada no meu. Seu texto de hoje me deixou em chororô de alegria de viver. Também me trato de doença crônica, câncer (as metástases me chegam como cobras, aos pares. e eu vou picando-lhe a porra, se não as mato, aleijo-as). Beijos, força na peruca!
Maria, Maria, Maria... Quanto prazer e quanta honra tê-la em "minha casa". São muitas as Marias na minha vida. Mãe, Maria. Primeira mulher, Maria. Atual mulher, Maria também. Amigas, Marias, às pencas. Vê-se que sou chegado numa Maria. E, agora, a Sampaio. Vivas!!!
Pois então, como diria uma amiga (eesa, não Maria, mas Sandra): "pica a porra da tabaca da cachorra". E vamos em frente, com toda a força na peruca acaju. rsssssss
Beijo!
ai, ai... que belo ensaio sobre a lucidez! [tá vendo, essa é pra engordar a lista das grandes obras que eu também queria ter feito, rsss]
"medo da vida é pior que medo da morte". sem dúvida.
seguinte, nåo sei o que acontece entre mim e você, talvez Freud explique. Ou talvez seja apenas uma grande sincronia. Talvez. Mas praticamente todo dia que entro aqui pra ler um texto seu: pimba! é um assunto igual o meu.
aí eu acho um porre ficar dizendo: nooosssa, eu pensei nisso hoje. cara, eu tava ouvindo essa música a caminho do trabalho... pô! vc queria ter escrito 100 anos de solidåo? que engraçado, ontem eu tirei da prateleira pra reler.
fala sério! se toda vez eu comentar, vai ficar parecendo que é pra agradar. mas creia: rola em alta a sintonia.
hoje pulei da cama bem cedo com a certeza de que é pior ter medo da vida.
O amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração
(Vinícius de Moraes)
Pior do que a paralisia,
o medo que paralisa.
Força na peruca!
Oi Ari
Não tenho medo da vida nem tão pouco da morte, até gostaria de encontar uns fantasminhas, mas tenho medo de uns vivos que andam por aí.
Pronto, gente. Já passou (ao menos temporariamente). Ficou só um leve e discreto cagaço.
Ô, Tassinha... sabe o que é isso? Futricagem de almas. Elas se encontram sem a gente perceber e ficam de tró-ló-ló, sabe como é?
Pois, é isso. Beijo!
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