ASSIM É FREUD
Fico puto quando, vira e mexe, me enviam um texto de uma mulher que se diz psicóloga, falando sobre Cazuza, no qual, dentre diversos outros absurdos ela diz que "reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível", e babaquices do tipo: "Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?"
Psicologia mais barata que essa você não encontra nem mais em almanaques. Essa senhora, no mínimo, deve ser daqueles profissionais que "curam" homossexuais.
Ele, o fantástico marginal, com certeza, diria a respeito desse assunto:
"... Não ligue pra essas caras tristes
Fingindo que a gente não existe
Sentadas são tão engraçadas
Donas de suas salas..."
Um cara que, com 23 anos escreve uma letra como a de Todo Amor que Houver Nessa Vida pode ser o que quiser. E pode ser chamado do que for, de "ladrão, bicha, maconheiro" por esses falsos moralistas que, eles sim, "transformam o país inteiro num puteiro...", com seus ideais otários de felicidade, suas religiões hipócritas e seus tapetes persas legítimos ou imitações baratas sob os quais acumulam muita sujeira.
Todo Amor que Houver Nessa Vida
Frejat/ Cazuza
"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria"