terça-feira, março 31

ELE, PROMETEU

 

Na hora H de criar os homens e os animais, Prometeu ficou na dele. Seu irmão, Epimeteu, foi quem meteu bronca e distribuiu características, qualidades e atributos a toda a fauna, a torto e a direito (o que me faz lembrar aquela piada da galinha que foi reclamar no céu, ou no Olimpo: "ou diminui o tamanho do ovo, ou aumenta o tamanho do cu" rsss).

Pois bem, quando chegou a vez de criar o homem, não tinha mais nenhuma novidade. Foi aí que o Titã Prometeu (os "Meteus" eram Titãs) teve a genial idéia de roubar o Fogo dos Deuses para dar aos homens, tornado-os superiores a todos os outros animais (há controvérsias).

Rapaz!... Pra que?!... Zeus, o retadão do Olimpo, virou a porra! Ordenou que acorrentassem o pobre rapaz no Cáucaso para que um abutre lhe dilacerasse o fígado, dirante 30.000 anos, dia após dia (a cada noite o fígado se regenerava). Sacanagem!

Aí, vejam só... Quem veio a dar fim ao sofrimento do cara, ainda que por tabela, foi Hércules que, após concluir doze trabalhos, ficou de bobeira. Aí, sem ter muito o que fazer, saiu mundo afora, charlando, zoando, procurando aventuras.

E foi numa dessas tantas aventuras que ele armou um bafafá da porra com os Centauros (seres que eram metade cavalo e metade homem), e mandou flechadas pra tudo quanto é lado.

Uma dessas flechas atingiu justamente Quíron, um Centauro diferenciado, um cara do bem (diz-se que os Centauros eram "boca de se lenhar"), que fora abandonado e encontrado por Apolo que o criou, proporcionando-lhe uma educação primorosa (tipo, melhores colégios): artes, música, poesia, ética, filosofia, artes divinatórias, profecias, terapias curativas e ciência.

A flecha de Hércules atingiu a coxa do Centauro Quíron, causando-lhe dores dilacerantes e intermitentes (não morreu porque era imortal).

Acontece que Zeus, o "picão" do Olimpo, determinara que a única forma de Prometeu livrar-se do seu trágico destino seria a abdicação da imortalidade por parte de algum imortal, é claro (não valia o Paulo Coelho).

Foi aí que o grande Quíron propôs matar dois coelhos (de novo, o Paulo Coelho, não... nem eu) com uma só cacetada: ele, Quíron, morreria, livrando-se das dores atrozes e, ao mesmo tempo, Prometeu livrava-se do feladaputa do abutre que lhe trucidava o fígado.

Gente boa, esse Quíron.

Conversa vai, conversa vem... e é a hora da crucial pergunta: e "quico"?

Bom... O Centauro Quíron vem a ser, na astrologia, o símbolo do signo de Sagitário, que calha de ser o meu signo e de muita gente boa como a Divina Carminha, por exemplo.

E aí, a gente vai no horóscopo e vê lá, a respeito de Sagitário: "tensões musculares e má distribuição sangüínea, além de um fígado sensível, são os pontos fracos deste signo."

Fígado sensível, né?

Pois não é que eu -, apesar de não ter roubado (ao menos que me recorde) nenhum fogo de nenhum deus -, também tenho os meus abutrizinhos a pinicar o meu fígado?

Magalomaníaco que sou, quedo-me a pensar se não serei uma edição revista e atualizada (não necessariamente melhorada) do Titã Prometeu.

"Prometeu representa a vontade humana por conhecimento, sua captura do fogo é a audácia humana pela busca de conhecimento e de compartilhá-lo."

Mas eu, de minha parte, não prometo nada.

 

 "... Por acaso imaginaste, num delírio,

que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo

por alguns dos meus sonhos se haverem frustrado?

Pois não: aqui me tens

e homens farei segundo minha própria imagem:

homens que logo serão meus iguais

que irão padecer e chorar, gozar e sofrer

e, mesmo que forem parias, não se renderão a ti como eu fiz"

(Goethe, Prometheus)

 

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