sábado, janeiro 17

OH! MINAS GERAIS II

Direto de Boipeba

Bom... aí, fomos conhecer o quarto. Quarto, maneira de dizer, porque era, em verdade, uma cela monástica, um 4x4 com uma cama de casal que deixava somente uma nesga a título de passagem, rente à parede. Pensei de mim para comigo: - Caraca!.. dez dias aqui nem rola. Eu surto. E foi aí que lembrei de Lobão: "... e a gente ainda paga por isso..." Mas, tomando todo o cuidado pra não cortar o barato de Maria, até porque ela já tinha avisado: - Olhe bem direitinho a pousada na internet, porque depois eu não quero saber de churumelas.
Pronto! Danou-se! Não podia nem reclamar.
Desfizemos parte das malas entre uma e outra e mais outra topada nos pés da cama.
Como o calor era sufocante, fui tomar um banho.
O banheiro, é claro, acompanhava o mesmo estilo, digamos assim, minimalista, do quarto. Na hora de vestir a roupa, meti o joelho na pia, resultando em mais um "roncho" de boas vindas. Aí, foi a vez do cancioneiro brega-sertanejo:"... vou chorar... desculpe, mas eu vou chorar..." A minha mente, em completo desespero, não parava de maquinar em busca de uma saída elegante para a situação. Banhos tomados, fomos conhecer os arredores.
Claro que aproveitei para perguntar sobre preço e disponibilidade de todas as pousadas (e são muitas) que encontrei pela frente.
- Meu bem, você quer trocar de pousada?...
- Não, não, não... é que quero ter uma base de preço, para o caso de me estabelecer na região. - Ah... sei...
As pousadas eram, de fato mais caras, mas o pior é que não dispunham de vaga naqueles dias. O jeito foi, continuando o diálogo comigo mesmo, negociar a permanência ao menos por aquela noite. - Seja forte, rapaz!... você é um homem ou um rato?... O quartículo (híbrido de quarto e cubículo), pra completar, ficava bem no caminho dos outros quartos, o que dificultava a manutenção de um mínimo de privacidade se quiséssemos deixar a porta aberta. Ora, tanto eu como Maria somos fumantes. Resultado: ao cabo de uma hora, o quartículo parecia um cinzeiro gigante, tal a fedentina.
E o meu desespero aumentando, à medida que a noite avançava. Jornal Nacional, depois veio Flora e depois veio Maysa. No final do JN, Maria falou:
- Meu bem, vou dormir um pouco, me acorde na hora de Maysa.
Sacanagem! Eu no desespero e ela no bem bom, dormindo um pouco. Mas não há de ser nada, na hora da mini-série eu cutuco ela. Vai ver só! Porra nenhuma! Cutuquei, cutuquei e nada. Puta-que-pariu! E eu vou ficar aqui acordado sozinho nesse apertucho? Quando Maysa começou com aquela história de meu mundo caiu, tive a certeza de que ela estava falando de mim. Foi aí que passei a considerar seriamente a possibilidade de dormir num campinho de futebol que fica em frente à pousada. Aí, o jeito foi tomar uma atitude. Dirigi-me à recepção e falei com os proprietários:
- Pessoal, né por nada, não... mas na minha idade, sabe como é e tal e coisa...
- Amanhã existe a possibilidade de vagar um quarto grande, com varanda e tal e coisa... só que é mais caro... Aí, foi a vez de baixar a Lady Katy: "Tô pagano!..."
- Eu pago!
Bom, surpreendentemente a noite nem foi o terror que eu antevira. Foi Flora, foi Maysa, foi William Wack e aí eu abri um livro e logo adormeci. Acordei às 6 da manhã com falta de ar.
- Vamos á praia?...
- Já?!... o café da manhã só sai às 8.
- Vamos em jejum mesmo!... é bom que ismagrece. (Continua)

PS. Júnior, fiz umas fotos decentes para ilustrar os posts, mas não trouxe o cabo da máquina. Mas já vi que você tá se virando bem, como sempre.

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